A primeira paragem foi Nova Delhi. Tínhamos a noção que iríamos começar por um país que nos iria pôr à prova desde o primeiro dia, mas não estávamos preparados para Nova Delhi. As diferenças são estrondosas. A cultura, os cheiros, a imensidão, a poluição, o caos, as buzinas, a curiosidade, o lixo. Tudo, no mesmo país, tudo, ao mesmo tempo. Aos poucos, acabámos por nos adaptar à sua realidade e aceitá-la, tal como ela é.
A pobreza predomina nas ruas de Nova Delhi. É um contraste exuberante entre a beleza dos monumentos e as ruas da cidade. É difícil percorrer as ruas sem ser abordado, para “vender” algo.
Deixamos aqui alguns dos monumentos que visitámos:
Também fomos ao Akshardham Temple, onde infelizmente é proibido fotografar.
Depois do choque inicial da capital. Fomos de comboio até Jaipur. Dito assim parece uma coisa simples, mas a imensidão daquela estação e com aquele caos instalado, encontrar o comboio correto é uma missão quase impossível. Além dos esquemas existentes, dizendo que o nosso comboio já partiu ou que não existem mais lugares nesse comboio, para conseguirem vender outros transportes (o seu negócio).
Andar de comboio na Índia, nas classes mais baratas, além de compensar muito em preço, é uma experiência que vale muito a pena.
Em Jaipur, tivemos a possibilidade de passar o dia 14 de Janeiro, Makar Sankranti, um dia de festival no calendário hindu. O dia é passado nos terraços onde todas as famílias brincam com os “kites” (papagaios) e os soltam ao vento, numa “guerra” desenfreada, com o objetivo de cortar os papagaios dos outros.
E quando chega a noite lançam milhares de lanternas pelos ares da cidade, juntamente com fogo de artifício.
Andámos a pé pela cidade, tal como gostamos, e visitámos imensos locais, “perdendo-nos” por entre mercados, pessoas, trânsito e os inevitáveis tuk tuks. Andámos de tuk tuk apenas duas vezes para nos levar aos locais mais longínquos. E numa delas, o Fernando conduziu por uns minutos. O tráfego é uma loucura. Mas como o Fernando diz, é um caos organizado. Eles conseguem adaptar-se muito bem à sua própria confusão.
Visitámos alguns monumentos, outros apenas de passagem:
Fomos novamente de comboio de Jaipur para Agra. Sem surpresa, foi caótico, desde discussões, a uma paragem de emergência por o comboio ter arrancado ainda com pessoas a entrar. Tudo se empurrava e gritava.
Mas o tempo passou-se e chegámos. Foi em Agra a nossa primeira experiência no Couchsurfing. O rapaz era Youtuber , passamos bons momentos juntos e o Fernando fez um vídeo com ele para o TikTok. A vista do seu restaurante para o Taj Mahal era espetacular.
Acordámos às 6h da manhã para poder ir ver o nascer do sol no Taj Mahal. Estávamos a 5 minutos da entrada. Existem 3 entradas e a melhor é a West Gate. Entre comprar os bilhetes, andar até à entrada, mostrar o bilhete, ser revistado, foram 5 minutos, no máximo. Pagámos 2600 rupias pelos dois, cerca de 32€. Para o nosso orçamento diário foi uma pequena loucura, mas não podíamos deixar de visitar uma das 7 Maravilhas do Mundo.
Para conseguir a tal foto com o nascer do sol, basta ir em direção ao Taj Mahal e virar à esquerda. É através dessa mesquita que vemos o sol a emergir sobre o famoso Taj Mahal.
Para terminar em grande as nossas viagens de comboio na Índia, seguimos até Varanasi. Numa viagem que demorou 16 horas, mais 6h do que o suposto. Se as outras foram caóticas, não há descrição possível para esta. Foi uma viagem noturna, na classe mais económica. Valeu-nos uma valente dor de costas e uma noite cheios de frio (as janelas tinham de ir abertas para circular o ar, se nos fazemos entender.)
Mas no fim, não há nada que pague estas experiências e aventuras.
Varanasi é uma das cidades mais antigas do Mundo e das mais sagrada do Hinduísmo, situada à beira do rio Ganges. Este é, um dos rios mais sagrados e também, dos mais poluídos do Mundo. Todos os dias as pessoas mergulham para se sentirem purificadas, no mesmo sítio onde lavam as suas roupas e são lançados corpos e restos humanos após a cremação.
Na zona de cremação assistimos um pouco do processo da morte e crenças desta religião. O corpo é transportado até a beira rio, coberto de cores, flores e são ainda banhados a incensos, para que quando queimados, não se sinta o cheiro. Existe uma zona de fogueiras na zona norte onde são cremados todos os dias cerca de 200 corpos (e mais cerca de 50, na zona sul). O processo é tratado por um homem da família (as mulheres não frequentam o local, visto serem mais sensíveis e eles acreditaram que se alguém chora, o corpo não segue em paz). Alguns casos, como as grávidas, crianças, pessoas com deficiência, saddhus (homens santos) e pessoas mordidas por serpentes são lançados diretamente ao rio e não são queimados. E sabes porquê? Eles acreditam que já têm o moksha garantido. Assim sendo, são lançados ao rio, para que os peixes se encarreguem de os comer e a decomposição decorra naturalmente.
Tivemos a oportunidade, através de um amigo (que fizemos em viagem), de experimentar comida indiana em um dos “restaurantes” onde vão os locais. Resultado: A Tânia nem provou um prato e o Nando saiu de lá com a t-shirt toda suada.
Fomos também provar a tão famosa lassi, na Blue Lassi shop. Gostámos tanto que voltámos mais de uma vez.
Lassi é uma bebida típica indiana, composta por iogurte, água, especiarias e algumas delas também fruta.
Uma experiencia inesquecível foi o passeio de barco no Rio Ganges para ver o nascer do sol.
Fomos ao Golden Temple, um dos templos mais sagrados dos Hindus. Era Domingo, as filas eram enormes pelas ruas, para entrar e poderem entregar as suas oferendas. Pudemos entrar, por outra entrada e completar aquele momento épico. Descalços, com as meias encharcadas, empurrões pela frente e por trás. Foi possível sentir a intensidade do momento.
Infelizmente, também é proibido fotografar no local.